ATA DA PRIMEIRA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA SÉTIMA
SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 28.07.1999.
Aos vinte e oito dias do mês de julho do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta
minutos foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Décio Schauren,
Guilherme Barbosa, Isaac
Ainhorn, João Carlos Nedel, João
Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maristela
Maffei, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal e Renato Guimarães. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antônio
Losada, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gilberto Batista,
Helena Bonumá, Hélio Corbellini, João Motta, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Sônia
Santos, Sonia Saraí e Tereza Franco. Constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
instalada a Sétima Sessão Legislativa Extraordinária. À MESA foi encaminhada,
pelo Vereador Luiz Braz, a Emenda nº 297, subscrita nos termos do artigo 9º da
Resolução nº 1380/98, ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 10/97
(Processo nº 3442/97). Também, foram apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº 385/99, encaminhando o Projeto de Lei
do Executivo nº 13/99 (Processo nº 2357/99); de nº 386/99, encaminhando o
Projeto de Lei do Executivo nº 14/99 (Processo nº 2358/99); de nº 387/99, encaminhando
o Projeto de Lei do Executivo nº 12/99 (Processo nº 2356/99). Ainda, foram
apregoados os seguintes Processos: de nº 2381/99, de autoria do Senhor Prefeito
Municipal de Porto Alegre, requerendo a formação de Comissão de Ética para
apurar crime contra a honra cometido pelo Vereador Luiz Braz em pronunciamento
realizado por Sua Excelência no dia dezesseis de junho do corrente; de nº
2382/99, de autoria da Bancada do Partido dos Trabalhadores da Câmara Municipal
de Porto Alegre, apresentando representação contra o Vereador Luiz Braz, para
apurar responsabilidades decorrentes de pronunciamento efetuado por Sua
Excelência no dia vinte e cinco de junho do corrente. Após, foi apregoado documento
firmado pelo Vereador Luiz Braz, apresentando Contestação Preliminar em razão
de representação interposta contra Sua Excelência nos termos do Processo nº
2381/99. Em continuidade, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre as
alterações promovidas no Regimento da Casa, tendo o Vereador Pedro Américo Leal
manifestado-se a respeito. Também, face Questões de Ordem e manifestações dos
Vereadores Elói Guimarães, Pedro Américo Leal e Juarez Pinheiro, o Senhor
Presidente prestou informações a respeito da tramitação dos Processos nºs 2381
e 2382/99, bem como sobre a regimentalidade da apresentação dessas matérias
durante a Sétima Sessão Legislativa Extraordinária. Na ocasião, por solicitação
dos Vereadores Hélio Corbellini e Nereu D’Ávila, foi realizado um minuto de
silêncio em homenagem póstuma à Senhora Eny Vieira Rios e ao Senhor Ivo
Sprandel, falecidos respectivamente nos dias vinte e sete e vinte e oito de
julho do corrente, tendo o Vereador Lauro Hagemann manifestado-se a respeito. A
seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO
DIA. Em Discussão Geral, 1ª Sessão, esteve o Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 10/97, o qual foi discutido pelos Vereadores Lauro Hagemann,
Guilherme Barbosa, Cláudio Sebenelo, Luiz Braz, Elói Guimarães, Helena Bonumá,
Isaac Ainhorn, José Valdir, Maristela Maffei, Antônio Losada e Cyro Martini.
Durante a apreciação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 10/97, os
Vereadores Eliseu Sabino e Paulo Brum cederam seus tempos de discussão,
respectivamente, aos Vereadores Elói Guimarães e Cláudio Sebenelo. Também, o
Senhor Presidente, face manifestação do Vereador Luiz Braz, prestou
esclarecimentos a respeito da tramitação da Emenda nº 297 aposta a este
Projeto. Às onze horas e cinqüenta e três minutos, constatada a inexistência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada
amanhã, às nove horas e trinta minutos. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Nereu D'Ávila e Juarez Pinheiro e secretariados pelo Vereador Adeli Sell. Do
que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após lida, será assinada por todos os Senhores Vereadores presentes.
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, eu
gostaria de informar ao Plenário, nesta primeira Sessão Extraordinária ou a
primeira Sessão Ordinária da convocação extraordinária, que já estão em vigor
algumas alterações do nosso Regimento. Algumas delas, só para que os Vereadores
possam ir-se aclimatando às modificações, são as seguintes: nas Comissões os
Relatores tinham determinado prazo, se não me equivoco, de cinco dias e que não
eram ortodoxos, agora pelas novas modificações do Regimento o prazo dos
Relatores passou a ser de seis dias prorrogáveis por mais seis, tão somente
decorrido esse prazos, caso não haja Parecer, o Presidente remeterá a
proposição para outra Comissão. Então está havendo um aceleramento nas
Comissões Técnicas, ou seja, uma celeridade que eu considero importante, mas
que os Vereadores das Comissões, porque o Presidente não participa das
Comissões, devem ater-se a esta modificação porque não é que eles não tenham
apressamento nos seus Pareceres, é que, às vezes, com mais de um relatório,
eles não se fixam no prazo. Agora, decorridos doze dias, então, perde aquela
Comissão o direito de dar Parecer. Esta é uma mudança bastante radical. Outra é
que as nossas Sessões Plenárias aumentaram o prazo, a sua duração agora é de
4h30min, antes nós tínhamos que prorrogar após 4h, aumentamos também o nosso
trabalho de Sessões nas Sessões, que também é importante. Outra modificação
importante foi na seqüência dos nossos trabalhos, anteriormente às segundas e
quartas havia Tribuna Popular, Pauta e Ordem do Dia, agora foi incluído antes
da Ordem do Dia, ou seja, a ordem será: Tribuna Popular, Comunicações, Pauta e
Ordem do Dia, depois Grande Expediente, Comunicação Especial, ou seja,
Comunicações alterou-se, anteciparam-se as Comunicações para após a Tribuna
Popular, é uma modificação importante, vamos ver se dará certo.
No
Período das Comunicações haverá até oito oradores com tempo de cinco minutos
para cada um, antes eram menos oradores com mais tempo, agora são mais oradores
com menos tempo, o que dá mais flexibilidade para o conjunto dos Srs.
Vereadores usar a tribuna no espaço de Comunicações.
Outra
alteração é que, no período de 15 de novembro a 15 de dezembro, último mês de
uma Sessão Legislativa da Casa, os períodos de Grande Expediente e Comunicações
não poderão ser cedidos para comemorações ou homenagens, porque há muita
matéria a ser votada neste período.
Outra
alteração diz que: para que o Presidente possa receber uma Questão de Ordem, o
interpelante deverá invocar o artigo que a fundamenta, trata-se do artigo nº
193 modificado. Isso nunca foi cumprido pelos Srs. Vereadores, agora seria bom
que os Vereadores, por obséquio, cumprissem essa determinação regimental.
Outra
questão, a renovação de votação só caberá quando a matéria tiver sido aprovada
ou rejeitada por diferença de votos menor ou igual a três.
Essa
outra modificação aqui foi às instâncias desta Presidência, o Plenário ficará
contente em saber, porque também já era uma questão quase jurisprudencial e que
dá uma flexibilidade para não queimar o espaço de Comunicação de Líder das
Bancadas. Será garantido o tempo de dois minutos para a manifestação de cada
Bancada acerca do tema abordado em Tribuna Popular. Isso já vinha sendo usado
anti-regimentalmente, acho bastante democrático, porque muitas vezes não
comporta o uso do espaço de Comunicação de Líder, mas o Vereador quer
manifestar uma opinião rápida a respeito do que foi dito na Tribuna Popular.
Então, está aberto o tempo de dois minutos, em que espero que os Vereadores não
façam discursos, mas apenas mensagens dentro desse tempo.
A
denominação da Comissão de Economia, Finanças e Orçamento passa a ser Comissão
de Economia, Finanças e Orçamento do MERCOSUL, porque é o sinal dos tempos de
MERCOSUL no CONESUL do Continente.
Não
li todas as modificações, mas as principais para que os Srs. Vereadores
assimilem a nova sistemática do Regimento.
O
Ver. Pedro Américo Leal solicita a palavra e, tendo sido o Relator-Geral,
inspirador de muitas das idéias, concederei um tempo para a sua manifestação.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Muito obrigado. Eu desejo frisar o item
2, que o prazo dos Relatores das Comissões passou a ser de seis dias,
prorrogáveis por igual período. Decorrido esse período, o Presidente remeterá a
proposição para outra Comissão ou para o Plenário, é inexorável.
O SR. PRESIDENTE: É inexorável, isso mesmo, ou seja, é
para haver mais rapidez, celeridade, na manifestação das Comissões que, para o
processo legislativo, creio que será muito bom.
Srs.
Vereadores, Sras. Vereadoras, eu gostaria de, antes de iniciarmos a discussão
específica da questão do Plano Diretor, por força do Código de Ética
Parlamentar, no seu artigo 13, dar conhecimento ao Plenário e aos Srs.
Vereadores de algo que foi amplamente divulgado. Ocorreram duas representações,
uma do Sr. Prefeito Municipal e outra da Bancada do Partido dos Trabalhadores,
todos os Srs. Vereadores da Bancada assinaram, como diz o artigo 13, documento
em relação a manifestações da tribuna nos dias 16 e 24 de julho do Sr. Ver.
Luiz Braz.
Como
essas denúncias foram trazidas, entregues, protocoladas pelo Sr. Presidente em
ato solene, o artigo 13 do Código de Ética Parlamentar, Resolução nº 1319 diz
que, recebida a denúncia, o Presidente da Câmara apresentará ao Plenário no
prazo de cinco dias, ouvido o denunciado.
Então,
recebemos na quinta-feira passada estes dois documentos apresentados pela
Prefeitura e pela Bancada do PT, imediatamente nos comunicamos com o Ver. Luiz
Braz que se propôs, atenciosamente, a imediatamente proceder às suas primeiras
manifestações, pois o art. 13 diz que: “ouvido o denunciado”. S. Exa podia
fazer qualquer tipo de manifestação, porque “ouvido” não é, necessariamente,
ainda uma defesa. Mas. S. Exa. aceitou o prazo de cinco dias, esse prazo venceu
ontem, apresentou ao Presidente as suas considerações, a sua linha de defesa.
Portanto,
como havia hoje a convocação extraordinária da Câmara, e o Regimento diz que
deve ser apresentada ao Plenário, nós estamos aproveitando a mesma
oportunidade, para não gastar o dinheiro do erário público, convocando outra
Sessão só para apresentar o caso ao Plenário, porque o Ver. Luiz Braz
compreendeu e aprestou-se a fazer a sua manifestação.
Desse
modo, como diz o artigo, o Presidente está apresentando, em cinco dias, ao
plenário, está fazendo, após os cinco dias concedidos ao denunciado.
Como
deve ser apresentado ao Plenário, tomamos a seguinte deliberação: o Sr.
Secretário vai dizer as duas linhas básicas das denúncias e da prévia defesa do
Ver. Luiz Braz. Tomamos a iniciativa de apresentar aos Srs. Vereadores os
documentos apresentados, V. Exas os têm em suas tribunas, para que não façamos
uma leitura total do documento, e V. Exas. poderão tomar conhecimento do que
foi distribuído aos Srs. Vereadores.
O
Regimento diz que devemos apresentar, e nós estamos apresentando, e V. Exas. já
estão com os documentos para verificar não somente o teor da denúncia ou da
representação como também o teor do documento apresentado pelo Ver. Luiz Braz.
Portanto, estão em condições de tomar conhecimento de tudo o que foi
apresentado.
O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de um
esclarecimento a respeito da colocação de V. Exa., pois não sei se V. Exa. está
fazendo a colocação em termos de mera informação ao Plenário ou se a
comunicação tem efeito processual. Se tem efeito processual, de pronto eu
sustento, a meu entender, que deveria constar da convocação, pois estamos numa
convocação extraordinária da Casa. Se tem efeito processual, eu sustento essa
tese de que não pode ser feita a comunicação, a menos que tivesse constado do
Edital de Convocação.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Elói Guimarães, V. Exa. como
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, stricto sensu, propõe algo fundamentado, porém, explico a V. Exa.
que eu estou informando, para efeito processual, e digo que não constou do Edital,
porque os editais foram feitos, pagos e publicados anteriormente à entrada das
duas representações, que foi na quinta-feira passada, à tarde. Já havia sido
publicado o edital e enviado aos jornais.
Como
eu disse há pouco, eu creio que temos um Código de Ética que diz que deverá ser
apresentado ao Plenário. Eu aproveitei a convocação do Plenário para fazer a
apresentação, senão teríamos que fazer uma convocação extraordinária e onerar
os cofres públicos por alguma coisa que o Plenário só está tomando conhecimento.
Não haverá prejuízo ao Ver. Luiz Braz, porque a ele foi concedido um prazo que
não consta no Código de Ética, que diz que o Presidente tem que apresentar ao
Plenário em cinco dias, como nós concedemos.
Então,
eu sei que V. Exa. tem razão formal, só que esta Presidência entendeu, por
princípio da economia dos cofres públicos, pelo princípio de não-prejuízo ao
denunciado, porque ele até não precisava apresentar, rigorosamente, a sua
defesa, adiantar o procedimento.
E,
ao longo do processo do Código de Ética que vai ser proposto, ele terá a mais
ampla defesa.
Concordo
com V. Exa, até chamei os três Procuradores e a Diretora Legislativa para
discutir essa possibilidade, porque, realmente, deveria constar na convocação,
mas eu o fiz porque não haverá prejuízo para ninguém, no entendimento inclusive
da própria Procuradoria, embora reconheça que V. Exa., formalmente, tenha
razão.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
eu tenho a impressão de que, malgrado todos os aborrecimentos que o
pronunciamento do Ver. Luiz Braz tenha causado ao PT, nós estamos julgando
agora, ou iniciando, um julgamento que é muito perigoso.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, só que nós ainda não devemos
entrar no mérito.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: A tribuna é intocável...
O SR. PRESIDENTE: Haverá muita oportunidade para essas
manifestações. Só que eu pediria a V. Exa que o mérito, hoje, não fosse
encarado, porque realmente o Código de Ética diz que eu só devo apresentar ao
Plenário. Sobre o mérito, V. Exa. terá a mais ampla oportunidade de expressar a
sua opinião, Vereador. Sei das preocupações de V. Exa, e compreendo, mas não é
o momento do mérito.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL:
Levei dezesseis anos ouvindo dizer na tribuna tudo o que se queria
contra o regime militar...
O SR. PRESIDENTE: Mas hoje eu não poderei conceder a
palavra para manifestação sobre o mérito.
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, em nome da Bancada do
Partido dos Trabalhadores, queremos, materialmente, concordar com o encaminhamento
dado por V. Exa, no que tange à questão meramente formal, processual, e não
entrando na questão do mérito, da forma como apresenta a matéria.
Discordamos,
de forma absoluta, da posição colocada pelo Vereador-Presidente da CCJ, que me
parece faz uma interpretação não adequada com os termos do Código de Ética
Parlamentar. Quero, também, discordar de V. Exa, na parte formal, que é menos
importante, porque o que dispõe o Código de Ética, após recebida a denuncia - e
nós sabemos que a Câmara de Vereadores, quando entra em recesso, ela continua
sendo dirigida, funcionando através da Mesa Diretora e da Comissão
Representativa - o Presidente deve ouvir a pessoa que está sendo denunciada e
apresentar essa denúncia ao Plenário, como V. Exa. está fazendo, no prazo de
cinco dias. Como V. Exa. encaminhou ao Ver. Luiz Braz na quinta-feira, hoje
completa o quinto dia e, nesse sentido, tanto materialmente como formalmente, o
procedimento adotado pelo Presidente da Casa é absolutamente correto. Queremos
dizer que não concordamos com a tese de que formalmente não está correto. Vossa
Excelência cumpriu, stricto sensu, os
termos do artigo 13, do Código de Ética Parlamentar.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Juarez Pinheiro, o prazo de cinco
dias que o Ver. Luiz Braz tinha direito venceu ontem e, portanto, hoje já
estamos no sexto dia. Ontem o Vereador teve a gentileza de nos visitar.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, o primeiro dia não conta.
O SR. PRESIDENTE: Foi entregue na quinta-feira à tarde.
Contou a partir de sexta-feira, tendo vencido ontem. Mas isso não é ortodoxo,
Ver. Juarez Pinheiro, porque, na verdade, o artigo 13, do Código de Ética diz:
“O Presidente, no prazo de cinco dias, apresentará ao Plenário, ouvido o
denunciado.” Então, os cinco dias foram para apresentar ao Plenário. Ouvir o
denunciado, o Código de Ética não diz e, aliás, isso é um erro. Como no caso da
ex-Vereadora Anamaria foram dados os cinco dias, nós, numa espécie de
jurisprudência, utilizamos o mesmo prazo.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, sem querer fazer diálogo
e encerrando a intervenção, nós entendemos que não haveria e não há a
necessidade de que conste da convocação extraordinária. V. Exa. agiu no
cumprimento do que dispõe o Código de Ética Parlamentar.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, V. Exa. já consignou a
minha impugnação formal feita à Mesa Diretora. Por outro lado, a despeito da
sustentação da minha tese e da colocação do Ver. Juarez Pinheiro, devo dizer
que é acaciano, no cotidiano dos parlamentos, quando se trata de Sessão
Extraordinária, a Casa só pode deliberar estritamente nos termos expressos da
convocação. Sou grato.
O SR. PRESIDENTE: Agora V. Exa. usou o termo correto,
dizendo que a Casa só pode, em Sessão Extraordinária, deliberar a respeito do
que está estabelecido no edital. Como ela não está deliberando, é apenas a
apresentação de um documento encaminhado ao Presidente, e ele, estribado
inclusive na Procuradoria, apresentar ao Plenário. Não estamos deliberando
nada, é apenas o início de um processo. Não haverá prejuízo para ninguém, muito
menos ao denunciado. Consigno que V. Exa., como Presidente da Comissão de
Justiça, em muito boa hora, levanta essa questão. E como tenho procurado
dirigir esta Casa com a mais absoluta transparência e democracia, jamais deixando
de colher a opinião de qualquer Vereador, mas sempre ponderando sobre o que é
ou não embasado nas opiniões desta Presidência, já expendi as razões por que
fiz a apresentação nesta manhã. Estamos encerrando as manifestações sobre este
assunto. Passo a palavra ao Sr. Secretário para que faça uma síntese do que foi
dito nas representações e pelo Ver. Luiz Braz.
O SR. SECRETÁRIO: Trata-se, Sr. Presidente, em primeiro
lugar do Processo nº 2382/99, comunicação de 22 de julho de 1999, autor a
Bancada do Partido dos Trabalhadores. Representação contra o Ver. Luiz Braz
para apurar responsabilidades decorrentes de pronunciamento na tribuna no dia
25 de junho de 1999. Crime contra a honra. Resumidamente a Bancada dos
Vereadores do Partido dos Trabalhadores diz o seguinte: “O Ver. Luiz Braz no
dia 25 de junho de 1999, usando a tribuna desta Casa, conforme comprovam as
notas taquigráficas anexas, disse que “Ora, eu queria que o Ver. Guilherme
Barbosa tivesse a coragem de dizer aqui desta tribuna o que foi feito, por exemplo,
com os 22 milhões que esta Casa destinou, em 1997, para a construção de casas e
não surgiram essas casas. Esse dinheiro, possivelmente, foi para as campanhas
dos candidatos petistas, porque não surgiram as casas que deveriam ser
construídas”. Esse é o resumo.
O
Processo seguinte é o de nº 2381/99, comunicação de 22 de julho de 1999, autor
Prefeito - Prefeitura Municipal. Requer Comissão de Ética para apurar crime
contra a honra cometido pelo Ver. Luiz Braz em seu pronunciamento no dia
16.06.99. O resumo, Sr. Presidente, é basicamente esse que está com as notas
anexadas.
O
Ver. Luiz Braz fez, por escrito, a sua defesa preliminar, a contestação
preliminar. Resumidamente diz o Ver. Luiz Braz: “...a considerar ainda de forma
preliminar, é de vital importância que as notas taquigráficas apostas na
denúncia formulada, não foram, na forma do Regimento da Casa, revisadas
pessoalmente por este Vereador que esta subscreve, razão pela qual a citação
expressada na página inicial como sendo de sua autoria não se constitui em
verdade formal, uma vez que a mesma é produto de reprodução de notas
taquigráficas feitas por terceiros, sem que tenha o crivo, exigido, do
contraditório. Portanto, em mais esse aspecto não pode prosperar a denúncia”.
Também
o Vereador disse o seguinte, num aparte, que é importante que seja lido: “Nesta
hipótese, a inviolabilidade deixa de ser do acusado, que possui direito à
imagem, à honra, à intimidade, e passa a ser do acusador, ou seja, do
parlamentar”.
Esse
é o resumo básico.
Como
já disse o Sr. Presidente, todos esses documentos estão à disposição dos Srs.
Vereadores.
O SR. PRESIDENTE: Lidas as linhas mestras da acusação e da
defesa, está posto o princípio do contraditório. Os Srs. Vereadores estão com
todos os detalhes dos documentos, completos, nas suas Bancadas e, portanto,
podem analisá-los de forma mais detalhada.
Encerrada
esta parte, vamos ao teor do que ensejou esta convocação extraordinária.
Inicialmente devo dizer que a Comissão Especial formada por dezessete
Vereadores, que representam todas as Bancadas da Casa, que foi formada para
apreciar o Plano Diretor, solicitou, e foi-lhe concedida, a excepcionalidade
para adentrar no período de recesso para a conclusão do trabalho dos dezessete
Vereadores, inclusive para que ensejasse ao Relator, Ver. Lauro Hagemann, a
conclusão do seu relatório. Então, praticamente, a primeira quinzena do mês de
julho foi consumida pela Comissão Especial para esse desiderato, ou seja: a
Comissão continuou trabalhando para concluir os seus trabalhos e também
solicitou, formalmente, a esta Presidência, que a Casa se reunisse,
extraordinariamente, ainda antes do término do recesso parlamentar, para dar
início à discussão do Plano Diretor, porque ainda há um prazo, durante a pauta,
de nova apresentação de emendas, dessa feita com dezessete assinaturas, mas
dando direito a todos os parlamentares de ainda poderem emendar o Plano Diretor
no prazo da pauta. Com esta convocação parlamentar, abrevia-se muito a
tramitação do Plano Diretor, porque os Vereadores poderão apresentar as emendas
até segunda-feira, próxima, dia 02 de agosto.
Os
Vereadores iniciarão, dentro de breve instantes, a discussão do Plano Diretor,
e a Comissão Especial que ainda precisa dar opinião sobre as emendas
apresentadas, agora, durante a pauta, com assinatura de dezessete Vereadores,
poderá, então, evidentemente, apreciar essas emendas com antecipação de datas.
Nós estamos abreviando, trabalhando no recesso, porque recesso não é sinônimo
de férias, apenas é o impedimento de o Plenário e Comissões Permanentes se
reunirem diariamente. Esta Casa praticamente não parou um dia sequer durante
este recesso, porque embora este Plenário não estivesse reunido, ele esteve nas
Comissões, os Vereadores trabalhando nos seus gabinetes e o Plano Diretor, que é
a principal proposta, praticamente, desta Legislatura, não teve nenhum prejuízo
durante esses dias de recesso. É bom que se deixe bem claro isso. Estamos
acelerando a votação desse importante documento que é o segundo PDDUA.
O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente, antes das discussões do
Plano Diretor, quero comunicar à Casa e a V. Exa. o falecimento da sogra do
Ver. Carlos Garcia, Sra. Eny Vieira Rios, mãe da Sra. Rosa Garcia. Solicito um
minuto de silêncio em referência ao falecimento da sogra do Ver. Carlos Garcia.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini traz à lembrança
a morte da sogra do Ver. Carlos Alberto Garcia.
Peço
que este minuto de silêncio seja estendido também ao ex-Deputado do MDB, Ivo
Sprandel, que inclusive foi membro da Mesa da Assembléia Legislativa. Ele veio
da região de Carazinho. Eu o conheci pessoalmente, ele era uma figura
maravilhosa, uma pessoa extraordinária e um parlamentar que muito contribuiu,
na época, para a futura redemocratização do País. O Movimento Democrático Brasileiro
e a ARENA eram os únicos partidos existentes no Brasil, na época. O Deputado
Ivo Sprandel sempre colaborou com a volta da plenitude democrática. Faremos um
minuto de silêncio para essas duas personalidades.
O SR. LAURO HAGEMANN (Questão de Ordem): V. Exa. já se antecipou. Eu também ia
pedir carona no pedido de um minuto de silêncio do Ver. Hélio Corbellini, para
a memória do Dep. Ivo Sprandel, que foi Presidente da Assembléia Legislativa.
Ele foi um colega do qual guardo excelentes recordações.
O SR. PRESIDENTE: Faremos um minuto de silêncio, então,
referenciando esses dois desaparecimentos.
(Faz-se
um minuto de silêncio.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL
(discussão: todos os Vereadores/05 minutos/com
aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
3442/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 010/97,
que dispõe sobre o desenvolvimento urbano no Município de Porto Alegre,
institui o 2º Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre
e dá outras providências.
Com Mensagem Retificativa nº 01 e Mensagem Retificativa nº 02, com Subemendas nº 01 às seguintes alterações: 1ª, 3ª, 4ª, 10ª, 35ª, 52ª, 58ª e 59ª; Emendas ao Projeto nºs 01 a 06, 07, com Subemenda nº 01, 14 a 22, 24 a 27, 28, com Subemenda nº 01, 29, com Subemenda nº 01, 30, com Subemenda nº 01, 31, com Subemenda nº 01, 32, com Subemenda nº 01, 33 a 37, 38, com Subemenda nº 01, 39, 40, 41, com Subemenda nº 01, 42, 43, 44, com Subemenda nº 01, 45 a 49, 50, com Subemenda nº 01, 51 a 69, 70, com Subemenda nº 01, 71 a 89, 90, com Subemendas nº 01 e 02, 91, 92, com Subemenda nº 01, 93, 94, 95, com Subemendas nº 01 e 02, 96, 97, 98, 99, com Subemenda nº 01, 100 a 107, 108, com Subemenda nº 01, 109 a 116, 117, com Subemenda nº 01, 118 a 120, 121, com Subemenda nº 01, 122, 123, com Subemenda nº 01, 124 a 141, 142, com Subemenda nº 01, 143 a 148, 149, com Subemenda nº 01, 150 a 160, 161, com Subemenda nº 01, 162 a 166, 167, com Subemenda nº 01, 168, 169, com Subemenda nº 01, 170, com Subemenda nº 01, 171 a 176, 177, com Subemenda nº 01, 178 a 182, 183, com Subemenda nº 01, 184 a 191, 192, com Subemenda nº 01, 193, com Subemenda nº 01, 194, 195, com Subemendas nº 01 e 02, 196, 197, com Subemenda nº 01, 198, 199, 200, com Subemenda nº 01, 201, com Subemenda nº 01, 202, 203, com Subemenda nº 01, 204 a 207, 208, com Subemenda nº 01, 209, 210, com Subemenda nº 01, 211, 212, 213, com Subemenda nº 01, 214 a 218, 219, com Subemenda nº 01, 220 a 230, 231, com Subemenda nº 01, 232 a 236, 237, com Subemenda nº 01, 238, 239, com Subemenda nº 01, 240 a 286, 287, com Subemenda nº 01, 288 a 290, 291, com Subemenda nº 01, 292 a 294, 295, com Subemenda nº 01 e 296.
Relatório:
-
da Comissão Especial: Relator
Sistematizador Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto, da Mensagem
Retificativa nº 01 e da Mensagem Retificativa nº 02, com Subemendas; pela
aprovação e rejeição das Emendas e Subemendas, ao Projeto, nos termos do
Relatório Final.
Observações:
- rito especial
estabelecido pela Resolução nº 1380/98;
- retiradas as Emendas nºs
08, 09, 10, 11, 12, 13 e 23.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLCE nº 10/97. Para
iniciar a discussão do II Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental,
solicito ao Ver. Lauro Hagemann, Relator-Sistematizador, que dê informações
básicas sobre seu Relatório para direcionarmos a discussão que será feita hoje
e amanhã a respeito do assunto.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é uma
explicação breve, mas necessária. Não obstante o ingente esforço que meu
gabinete teve que despender para elaborar uma grade que não estava prevista na
sistemática de trabalho - fomos nós que a inventamos, mas quem inventa tem que
arcar com o processo -, temos que pedir escusas ao conjunto dos Vereadores
porque essa grade ainda não está completa. Nós ainda estamos trabalhando. Os
Vereadores da Comissão são testemunhas de que, numa determinada altura dos
nossos trabalhos, eu fiz ver que estavam sendo remetidas ao Sistematizador
muitas questões que não estavam sendo resolvidas no âmbito da Comissão. E nós
tivemos que enfrentar essas coisas que aconteceram. E muitas dessas
controvérsias ainda não estão resolvidas. Nós estamos trabalhando na tentativa
de formalizar um acordo prévio para que não venha para o Plenário um Projeto que
não esteja mais ou menos afinado. Então, peço a compreensão dos membros desta
Casa, quando este Projeto vier à discussão plenária. Nós pretendemos ainda
terminar, mas, a partir da entrega do Relatório do Sistematizador, a
Sistematização não tem mais nada a ver com o processo em si, o problema, agora,
é da Casa. E, lamentavelmente, nós temos que dizer isso. Não é culpa de
ninguém, mas a Casa ainda não tem uma infra-estrutura capaz de suportar um
processo desta natureza, inclusive na questão da informática. Nós não estamos
fazendo uma crítica, é uma constatação. Tivemos que suprir isso, trabalhando
até na casa dos nossos companheiros, porque a Casa ainda não tem esta estrutura
suficiente. Como nós inventamos a grade, vamos tentar oferecê-la da melhor
forma possível, para que os Srs. Vereadores possam ter um guia seguro na
apreciação deste Projeto.
O
Relatório está posto, ainda está sendo trabalhado, porque muitas das questões
ainda não foram resolvidas, Sr. Presidente, no âmbito da Comissão. Muitas
atribuições foram dadas à Sistematização sem que houvesse uma definição clara
dos propósitos de quem apresentou as emendas, ou até com imperfeição de
redação, com controvérsias de opiniões. Nós vamos ter que acertar isso, aqui.
Felizmente, houve a compreensão da Casa, para que se pudesse adiantar. O Sr.
Presidente já revelou que isso é um atalho que nós estamos fazendo na discussão
do Plano Diretor. E um atalho bem-vindo, porque vai favorecer a apreciação mais
rápida do processo. A Cidade está a exigir um novo Plano Diretor. Muitos
negócios estão parados, porque não há uma definição clara dos parâmetros que
serão adotados a partir de agora. Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra
para discutir o II PDDUA.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, demais
pessoas que acompanham a Sessão, creio que esta Câmara está dando, hoje e
amanhã, nestas duas Sessões Extraordinárias, um importante passo na busca de
estruturar para a Cidade um novo Plano Diretor, que agora também chamamos de
Plano para Desenvolvimento Urbano e Ambiental da Cidade. Esta matéria já tem
sido objeto de intenso trabalho, no último período, na Comissão Especial
formada por dezessete Vereadores que, como disse o nosso Presidente,
praticamente não parou; o recesso não foi recesso, assim como a Cidade, de
fato, não pára. Então, hoje estamos avançando, dando passos importantes. Quero
registrar que foram trabalhos importantes, principalmente daqueles que tiveram
e ainda estão tendo a tarefa de dirigir a Comissão, o Ver. Reginaldo Pujol,
como Presidente; o Ver. Fernando Záchia, como Vice-Presidente; os relatores,
Vereadores Sônia Santos, João Motta, Hélio Corbellini e o Ver. Lauro Hagemann,
como Relator-Sistematizador.
Esse
é um assunto, como todos sabemos, de muita complexidade, muitas interfaces.
Nenhum de nós, qualquer que seja a formação técnica, consegue sozinho, sem
assessoria, captar, discutir e propor temas a esse respeito, pela sua
abrangência, e isso mostra a complexidade desse Projeto.
Do
que nós produzimos até agora, quero comentar, Srs. Vereadores, pontos que,
creio, poderemos conversar, avançar em melhorias. Quero destacar três pontos:
um, que foi a discussão, talvez, a mais dura, a mais profunda que fizemos e que
se refere à questão da Zona da Área Rural do Município de Porto Alegre.
O
Executivo e a nossa Bancada tinham uma proposta que foi trazida para esta
Câmara, mas acho que foi interpretada de maneira não devida, de maneira
equivocada, digamos. Disseram que, com essa proposta, queríamos extinguir a
Área Rural do Município. Na verdade, era o contrário, porque mudava o nome, mas
se incentivava a produção primária no Município de Porto Alegre. Infelizmente
não passou dessa forma e foi tentada uma proposta alternativa, no âmbito da
Comissão, que também não foi aprovada. O que temos, até agora, não está bem, há
contradições, e poderíamos fazer ainda uma tentativa de acertar esse aspecto.
De fato, temos contradições fortes, o que vai complicar a aplicação do Plano
nesse setor.
Em
segundo lugar, nós temos, até agora, aprovada, a permissão de maiores alturas
nas construções de Porto Alegre. A nossa Bancada nunca teve uma posição
taxativa e absoluta contra maior altura nas construções, mas, para que nós
mantenhamos a qualidade nas edificações, significa haver, necessariamente,
insolação e ventilação. não podemos ter alturas maiores e menores recuos,
portanto, edificações mais próximas uma das outras. Pelo que está aprovado, até
agora, vamos ter recuos menores do que já temos hoje, Ver. José Valdir,
aproximando as construções mais umas das outras, e, ao mesmo tempo, permitindo
mais altura. Essa combinação é ruim. Se houver mais altura, necessariamente
vamos precisar melhorar os recuos.
Em
terceiro lugar, quero-me referir à questão da Comissão que estuda e controla o
Plano, e que vai acompanhá-lo. Ela ficou, Ver. Hélio Corbellini, com uma
composição que não é a ideal, no meu ponto de vista. Nós poderíamos tentar uma
alternativa, porque ficaram duas entidades de arquitetos - acho que tem que
ter, sim, entidades de arquitetos -, mas não há nenhuma entidade que represente
os agrônomos, por exemplo, já que todos nós temos preocupação com a nossa área
de produção, não possui representação de agrônomos, assim como não há a
representação de entidades ambientais. Poderemos conversar e construir uma
alternativa, quem sabe até voltando à Emenda do Ver. Lauro Hagemann, que mantém
como entidades permanentes o IAB e a SERGS que são tradicionais, respeitadas;
as restantes, a decidir num fórum de entidades. Poderia ser o caminho do meio,
quem sabe daquele que construímos até agora. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, alguém deseja discutir à
matéria?
O SR. LUIZ BRAZ: V.
Exa. vai apregoar a Emenda que demos entrada à Mesa?
O SR. PRESIDENTE: Tenho a impressão de que já foi
apregoada.
O SR. LUIZ BRAZ: Eu que não prestei atenção. Desculpe.
O SR. PRESIDENTE: Foi em seguida apregoada uma Emenda, já
com as dezessete assinaturas que, nesta fase do Plano, são exigidas para a
Emenda à sua tramitação. A Emenda proposta é apresentada pelo Ver. Luiz Braz.
Saliento que as emendas deverão ser apresentadas somente durante a pauta, a
encerrar-se na segunda-feira próxima, ou seja, a partir de segunda próxima, dia
01 de agosto não serão mais aceitas Emendas.
O
Sr. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Etologia é a ciência do comportamento dos animais. A etologia mostra-nos que os
pássaros urbanos, que nos dão tantos exemplos de vida, que cercam as nossas
casas, que daqui a três ou quatro semanas começam a encantar a nossa primavera,
mudaram o seu comportamento. Hoje estão enfrentando o asfalto, o concreto dos
edifícios, as imensas paredes erigidas no crescimento vertical das cidades que
necessitam dar vazão a sua expansão e que, impedidos territorialmente, do ponto
de vista horizontal, o fazem verticalmente. Há mudança de microclima muito
grande, uma mudança de comportamento das pessoas, uma mudança social e de
comportamento dos animais. Eles nos ensinam o quanto estamos agredindo uma
fauna e flora em extermínio nas cidades e, principalmente, hoje temos, no Rio
Grande do Sul, menos de 2% de mata nativa. Conseguimos dizimar 98% das nossa
mata nativa. Na Cidade de Porto Alegre, a caro custo e artificialmente temos
uma arborização de árvores que não são nativas, são árvores de natureza
européia. Cada vez mais, nós discutimos e acrescentamos ao Plano Diretor o seu
aspecto ecológico.
Na
ecologia temos a total posição contrária à alteração da nossa área rural. A
interface rural e urbana, esta fina faixa que passa a se chamar rururbana,
certamente não tem para nós o grande significado que querem dar, mas a área
rural, estrita, sim, e passar de rural para urbana apenas por um processo
fiscal, parece-nos uma violência a uma Cidade que tem 30% de sua área como área
como área rural. Inclusive devemos a Edvaldo Pereira Paiva um decreto dizendo
que as ilhas são intocáveis. Talvez tenha sido essa a nossa salvação, que
transformou esse grande bolsão de água, que é o Guaíba, que nos protege, e as
ilhas como salvaguarda de um processo de purificação e de manutenção dos
efeitos antipoluentes como, por exemplo, o vento sudoeste, o nosso Minuano.
A
altura das construções têm que ter um limite. Esse é o limite estabelecido pela
adaptação dos pássaros, que se a altura for muito aumentada vão começar a
sofrer a impossibilidade de uma segunda adaptação, e será um morticínio.
A
ensolação, a ventilação, mesmo admitindo-se - e por que não? - um recuo maior,
não podemos abrir mão delas, a distância entre os prédios tem que ser mantida.
Temos que lutar intensamente por isso. Parece que no momento da discussão nós
esquecemos e tentamos transformar essa Cidade numa megalópole, semelhante à
cidade do México, à cidade de São Paulo, à cidade de Tóquio, onde há
necessidade de medidas extremas por parte das Câmaras Municipais dessas
cidades, interferindo diretamente na cultura, no trânsito de automóveis. Por exemplo,
Santiago do Chile não tem vento, o vento da cordilheira passa por cima da
cidade, não renovando o seu ar, aumentando o número de glóbulos vermelhos de
seus habitantes. Nós temos esse privilégio de termos um vento chamado Minuano,
que limpa a nossa Cidade e que despolui, e não podemos prostituir essa natureza
tão sábia e tão protetora dos aglomerados urbanos, fazendo essa verdadeira
violência, essa agressão ao meio ambiente quando se aumenta a verticalização.
Somos formalmente contra. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
discutir o PLCE nº 10/97.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em
primeiro lugar, desculpo-me com todos por estar usando óculos escuros, mas é
apenas em defesa a um olho que foi operado segunda-feira. Então, sou obrigado a
mantê-los da forma como estão colocados. Mas não podia deixar de vir a esta
tribuna, já que hoje estamos fazendo tramitar, acredito que a primeira emenda
desta fase no Projeto do Plano Diretor. Faço retornar à matéria uma Emenda que
levou o número 81 e foi rejeitada na fase inicial, mas depois de analisada pelo
nosso gabinete e por esses Vereadores, chegamos à conclusão de que ela,
reescrita, deveria fazer parte novamente da matéria a ser analisada por este
Plenário.
A
Emenda, inicialmente, foi de autoria do Ver. Eliseu Sabino, que é da minha
Bancada. Ela diz respeito à necessidade desta Casa opinar quando das alterações
dos traçados diários que acontecem em nossa Cidade.
Fizemos
isso, Ver. Pedro Américo Leal, porque fomos instados pelos moradores daquele
local por onde vai passar a 4ª radial, que será o prolongamento da Nilo
Peçanha, da Av. Anita Garibaldi que, no seu traçado, de acordo com o que foi
proposto pela Prefeitura Municipal, vai demolir um pedaço do Hospital Banco de
Olhos, onde eu fiz a minha operação.
Então,
outras pessoas não poderiam ter o mesmo benefício que eu tive de ir até o Banco
de Olhos e fazer a mesma operação que fiz, se a 4ª radial obedecer este mesmo
traçado que foi proposto pela Prefeitura Municipal.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Coincidência providencial!
O SR. LUIZ BRAZ: É uma coincidência. Estamos falando aqui
da possibilidade de ser demolida uma parte do Hospital Banco de Olhos. Eu venho
de óculos escuros após uma operação sofrida nesse Hospital. Mas não é só isso,
não é só parte do Hospital Banco de Olhos que ruiria se fosse mantido esse
traçado da 4ª Perimetral, também outros prédios que custariam muito dinheiro
para serem desapropriados pelo Município estariam, também, no caminho desta 4ª
Radial. Isso acontece porque o traçado é alterado sem que a Câmara possa
opinar. É claro que nós, Vereadores, não somos técnicos para fazer o traçado,
mas podemos opinar com relação ao traçado sugerido pelo Prefeito, pela
Prefeitura ou pelos técnicos. E para não atrapalhar que pequenas alterações não
pudessem ser realizadas, colocamos que estas alterações teriam a opinião da
Câmara Municipal, apenas quando perfizessem valores acima de 100 mil unidades
financeiras. Esse valor está sendo colocado para que possamos discutir, quem
sabe 100 mil unidades financeiras não seja o valor ideal, mas então que
possamos colocar outro valor.
Mas,
para alterações tão importantes como esta citada, o problema da 4ª Radial, que
possamos, aqui na Câmara Municipal, estar decidindo, estar opinando para que o
Município não sofra prejuízos, para que a população desses bairros, ali onde
passa a 4ª Radial, serão desalojadas pessoas que já vivem no local há 40 anos.
Não
queremos que essas pessoas sejam feridas no seu direito, como serão se o
traçado oferecido pela Prefeitura Municipal for mantido.
Por
isso apresentamos a Emenda e solicitamos que os Srs. Vereadores estudem-na e
ofereçam as modificações necessárias, a fim de que a Câmara possa opinar
futuramente sobre as alterações de traçados viários. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para discutir o PLCE nº 10/97.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
acho que nós iniciamos a discussão de uma matéria que não se circunscreve a
efeitos imediatos, e, sim, presta-se a regular o próprio habitat de gerações que haverão de se suceder, dada a importância
da Cidade, dos seus espaços e a própria qualidade de vida da sua população.
Nós,
que temos esse privilégio em conceber para as gerações futuras a Cidade, temos
que nos compenetrar nesse papel extremamente relevante e importante para a
própria existência das pessoas.
Como
eu vejo os planos diretores e, de resto, as regras que devem normatizar a vida,
o habitat da população e da Cidade?
Vejo-os como uma fôrma que, dependendo do seu formato, nós teremos um produto
bem elaborado ou teremos um produto deformado, mal-elaborado.
Então,
o Plano Diretor que regula a fisionomia, a fisiologia da Cidade, é matéria
extremamente relevante, por isso, nós, imbuídos deste mandato, temos que ficar
isentos de qualquer ingerência desta ou daquela ordem, seja no plano
ideológico, seja no plano filosófico, etc. e tal.
Temos
que nos colocar diante desta matéria, pela sua importância, livres, vendo
apenas o produto que queremos: a qualidade de vida da nossa população.
Todas
as alterações, os formatos para a imagem que queremos deve ser feito da forma
mais autêntica possível, da forma mais livre possível, sem qualquer tipo de
visão, se não a visão do futuro, se não a visão do filho, se não a visão da
família, da Cidade, do bem estar da população. Temos que nos colocar dessa
forma para construir o futuro da nossa Cidade, para não dizer do nosso Estado.
A
qualidade de vida, o futuro da população, a beleza da nossa Cidade, passa,
indiscutivelmente, por este momento que passamos a viver aqui na Casa.
Vejam
que momento importante que nos é delegado, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, de
poder conceber a Cidade para a geração que vem e para esta geração também. É um
momento extremamente importante. É preciso que nos desvencilhemos de qualquer
influência, a não ser aquela que busca efetivamente construir o futuro da nossa
Cidade, do nosso povo, das nossas gerações. Isso se conseguirá concebendo um
modelo capaz de produzir um produto, uma boa imagem, uma cidade saudável e
qualificada pela suas linhas, seus princípios e seus parâmetros, porque, do
contrário, não estaremos à altura das altas responsabilidades que o povo nos
deu, dentre tantas competências, a de construirmos um modelo para a Cidade de
Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra
e cede o seu tempo ao Ver. Elói Guimarães, para discutir o PLE nº 10/97.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
inicialmente agradeço ao Ver. Sabino pela cedência do tempo, que oportunamente
retribuirei. Mas vejam a importância, a significação, o peso que isso
representa para o futuro da Cidade, para o seu povo, para a qualidade de vida.
A Cidade é o espaço onde vivemos, onde construímos, comemoramos, sofremos,
enfim, é tudo na nossa vida, as relações que estabelecemos. Então, precisamos encontrar
uma cidade receptiva, alegre, simpática, uma cidade que concorra para o
desenvolvimento da vida, da criatividade. Uma cidade exerce “n” papéis numa
população, e, dependendo da cidade, podemos ter uma população alegre, uma
população simpática, bonita. E não só do ponto de vista físico, material, mas
do ponto de vista psicológico. No que se refere ao seu desenho, ao seu formato,
nós podemos ter uma cidade agressiva, que assusta àqueles que nela habitam e
que nela constroem. Ao enfrentarmos essa matéria importantíssima, de
relevância, esses dados humanos têm que estar presentes em nossa decisão.
Nenhuma frase, nenhum ponto, vírgula ou texto passarão, se não houver domínio
absoluto daquilo que estamos decidindo e votando. Tudo deve ser feito à luz do dia,
porque estaremos traçando o futuro da nossa geração, a construção daquilo que
queremos, que é a construção do homem, da mulher. Nenhum dispositivo pode
passar, se não tiver a nossa firme consciência de que estamos votando de forma
a ajudar a construir a qualidade de vida de nossa Cidade.
Eu
dizia que se pode fazer uma cidade agressiva, Ver. Pedro Américo Leal,
dependendo da sua estruturação, podemos fazer uma cidade que nos ameaça, que
nos agride, pela sua conformação arquitetônica. Essas questões devem estar
presentes na hora da decisão, porque estão decidindo, não para nós, até se
fosse para nós poderíamos dizer que vamos pagar por isso, mas não, estaremos
trabalhando para o futuro, para aqueles que virão, para aqueles que nos deram
este mandato para decidir sobre uma matéria tão importante como essa.
Da
cidade, depende o futuro da qualidade da sua população, o seu desenvolvimento,
a sua beleza, a sua alegria, a simpatia da cidade. Temos que ter aqui o pincel
do pintor para construir o que há de mais belo, desvencilhado, absolutamente,
de qualquer ingerência, venha de onde vier. O que importa é que nós,
desvencilhados, façamos inscrever, com letras do pintor - nós que temos essas
riquezas, por exemplo, o mais belo pôr-do-sol do mundo, a natureza - esse pôr-do-sol
com o brilho das águas do Guaíba, que me nego a chamar de lago, para mim é rio,
é estuário. Respeito a opinião técnica, mas lago é diminutivo. Esse sol que
brilha no rio tem que encontrar uma cidade projetada efetivamente para as
gerações futuras.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nós trabalhamos num local intocável, numa verdadeira estância que
se projeta sobre o Guaíba, que é esta região aqui maravilhosa, despojada de
qualquer construção e que nos recomenda muito. É com esses olhos que estamos
fazendo o julgamento deste Plano.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Preservemos, portanto, Ver. Pedro Américo
Leal, todos esses valores que pretendemos construir. Temos que fazer uma Cidade
para que as gerações possam alegremente respirar, que não sejam agredidas. Não
temos o direito de agredir, temos o dever de fazer com que a nossa população
ande numa Cidade bem distribuída, que não concentremos a Cidade. Estou
examinando, vamos aos detalhes, mas já vi uma coisa que não gostei, Ver. Pedro
Américo Leal. Nós vamos mandar a Cidade para os ares, para a estratosfera! Eu
vi 52m de altura! O edifício da Prefeitura, que é o mais alto, possui 14
andares, 42m! Não queremos emperrar nada, absolutamente nada. Vamos deixar
claro, não queremos emperrar o desenvolvimento, a edificação da Cidade tem que
se fazer, mas vamos nos ater aos parâmetros. Colocar alguém para morar na
estratosfera, para efeitos residenciais?! Eu tenho objeções. Com relação à
questão da altura, não vamos fazer uma Cidade agressiva. Não vamos conceber uma
Cidade que possa nos ameaçar. Temos que fazer uma Cidade redonda, como se diz
na linguagem popular, e não uma Cidade quadrada. Ela tem que descer redondinha.
Tem que ser uma Cidade que contribua para a vida, para o desenvolvimento, para
que as pessoas nela caminhem, nela habitem em condições. É evidente que não
podemos fazer o ideal, mas, pelo menos, vamos tentar.
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Elói Guimarães, ouço com atenção a intervenção de V. Exa.,
aliás, de muita qualidade, como sempre. Esta questão de altura nos preocupa,
também, principalmente quando os recuos que até agora ficaram aprovados, em
algumas regiões da Cidade, são menores dos que já temos. É uma combinação
complicada, uma altura maior com recuo menor. Portanto, as edificações mais
próximas das suas vizinhas. É uma combinação que pode perder, em algumas
regiões da Cidade, a qualidade que nós alcançamos. Eu também estou com V. Exa.
nessa preocupação. Muito obrigado.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato a V. Exa.
Então,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, essas preocupações deverão constar desses
dias em que vamos enfrentar essa matéria tão importante, porque eu não estou
produzindo, disciplinando, normatizando para a geração presente, mas o desenho
que estamos oferecendo, a forma que estamos oferecendo é para o futuro, é para
as gerações que virão, é para formarmos os homens e mulheres que terão na
Cidade o seu habitat. Essa é a melhor definição: a cidade é o habitat do ser
humano. Como um rio, o mar é o habitat do peixe, as restingas, as savanas são
os habitats dos animais; as árvores, dos pássaros. Temos que conceber uma
Cidade fraterna, que concorra para a evolução e o desenvolvimento do ser
humano. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, o Ver. Elói Guimarães
ocupou a tribuna pela segunda vez em função da cedência de tempo do Ver. Eliseu
Sabino.
Agora,
o Ver. Cláudio Sebenelo irá usar o tempo, em razão da cedência do Ver. Paulo
Brum.
Alerto
os Srs. Vereadores para o fato de que as disposições novas do Regimento dizem,
no art. 164, parágrafo 2º, que: “No período de discussão, um Vereador poderá
falar no tempo de outro, por cedência, apenas uma vez.” Portanto, os Vereadores
que usaram a tribuna não poderão mais fazê-lo em nome de outros.
Essa
é uma disposição também para que haja fluidez dos demais inscritos. Mas está
assegurada a palavra ao Ver. Cláudio Sebenelo, que, dentro do Regimento, está
ocupando o tempo do Ver. Paulo Brum. S. Exa. tem cinco minutos, com direito a
apartes.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Quero,
inicialmente, agradecer ao Ver. Paulo Brum a cedência desse tempo. Ponderei com
ele sobre a importância desta cessão, porque a Cidade de Porto Alegre discute o
formato do seu corpo, e essa discussão tem que abrigar, sob todos os pontos de
vista, a preocupação com o meio ambiente. Como a análise anatômica, como diria
Mário Quintana, em seu poema O Mapa: “Olho o mapa da Cidade como se examinasse
a anatomia de um corpo. É nem que fosse o meu corpo...”
É
exatamente isso que estamos fazendo. A beleza geográfica de Porto Alegre, a
anatomia de Porto Alegre nos reservou um dos lugares mais lindos que conhecemos
neste mundo imenso, onde, se não temos mar, temos um rio caudaloso, fluente,
piscoso e lindo. Não, nada disso. Nós temos um rio poluído e as espécies da
minha infância, e eu me lembro dos lambaris, dos mandinhos, dos carás, dos
carás-cartola, hoje, desapareceram. As traíras e pintados do Guaíba nunca mais
freqüentaram as nossas bancas do Mercado. Hoje, temos o lugar mais bonito de
Porto Alegre, aquela baía incrível que é a praia do Lami, poluído pelo Aterro
Sanitário da Extrema.
Temos
que fazer alguma coisa nesse Plano Diretor para que não se perpetre nunca mais
na Cidade de Porto Alegre essa loucura que foi a inversão completa de todos os
conceitos estéticos, geográficos e técnicos, de se instalar um aterro sanitário
- que confere infecção e fetidez para toda aquela zona - como esse que foi
colocado no Lami.
Se
há algum lugar onde jamais se poderia construir um aterro sanitário, e eu
chamo, bondosamente, de aterro sanitário, porque, na verdade, é um depósito de
lixo, o único lugar onde não se poderia construir é no lugar mais bonito de
Porto Alegre. Aquele é um lugar onde deveria ter, sim, a construção de todas as
atrações turísticas; é o lugar onde se poderia, perfeitamente, ter um hotel
cinco estrelas, ter uma freqüência de pessoas que viriam de outros países para
conhecer as belezas dessa Cidade encantadora que é Porto Alegre e que está
sendo devassada e devastada pela ignomínia, pela barbaridade, pelo atentado ao
meio ambiente.
E
isto, nós temos que trabalhar dentro do Plano Diretor. Temos que ter
dispositivos à mão para proibir essa verdadeira insanidade que se cometeu
contra o meio ambiente. E eu falo no meio ambiente porque, como Vereador, o meu
trabalho tem todo ele sido feito em cima dos problemas de saúde, dos problemas
do Arroio Dilúvio, dos problemas de lixo da Cidade de Porto Alegre. Nós sabemos
que uma população imensa tem o problema também do lixo, mas nós sabemos onde
não fazer uma lixeira, um aterro sanitário. Pois lá, exatamente lá, no lugar
mais bonito de Porto Alegre, foi feito este atentado contra a ecologia, contra
o bom gosto e contra os cinco sentidos do ser humano. Sente-se cheiro
insuportável, tem-se uma visão lamentável, a destruição total de um resto de
mata nativa, com alguns animais, cujas espécies estão em extinção, sendo
totalmente, então, extintos. É aquilo: já que está perto da extinção, então
vamos extinguir logo! Isto foi feito impunemente, e isto vai ficar lá por mais
três, quatro, cinco, seis anos, e vai ser contra o Plano Diretor! Mas vão
conseguir o atestado da FEPAM, vão conseguir o atestado da Secretaria do Meio
Ambiente, e vão dizer que está tudo bem e aquilo é um modelo para o mundo
inteiro. Pois esta desfaçatez foi usada quando da discussão desse assunto com
toda a comunidade. Disseram que aquilo era um modelo para todo mundo. Por
favor, esse tipo de modelo nós não queremos para Porto Alegre! Queremos a
manutenção, pelo menos, das belezas naturais da Cidade, de um ar que não seja
tão poluído e tão agressivo àquela população.
Acho
que para isso nós temos que lutar a cada dia, nós temos que lutar a cada linha
do Plano Diretor, nós temos que ser inflexíveis e não aceitar que o Executivo
assim, a seu bel-prazer, dizendo que discutiu com o Orçamento Participativo,
faça um desses assassinatos ao meio ambiente como foi feito no Aterro, entre
aspas, Sanitário da Extrema. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Eu peço desculpas aos Vereadores Isaac
Ainhorn, José Valdir e a Vera. Helena Bonumá, porque, inadvertidamente, eu
permiti que o Ver. Cláudio Sebenelo voltasse à tribuna, quando, na verdade,
havia as inscrições desses três Vereadores. A rigor, o Ver. Cláudio Sebenelo
deveria ocupar o tempo do Ver. Paulo Brum, em quarto lugar. Este Presidente foi
responsável por essa falha.
A
Vera. Helena Bonumá está com a palavra para discutir o PLCE nº 10/97
A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Este é
um momento histórico para a nossa Câmara de Vereadores quando começamos, em
Plenário, a fazer a apreciação de um Projeto dessa importância, como o II Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre. O orador que me
antecedeu na tribuna estava problematizando uma questão que não é bem o tema
último do nosso Projeto, mas que também envolve, de alguma forma, a questão
urbana e ambiental da nossa Cidade. Eu começo o meu pronunciamento dando uma
resposta ao Ver. Cláudio Sebenelo, dizendo a ele que o Projeto do Aterro
Sanitário da Extrema foi licenciado pela FEPAM, no Governo anterior, que ele
tem rigorosos critérios técnicos de controle, que o DMAE controla aquela área.
Todas essas informações já foram dadas nesta Casa por ocasião de debates
anteriores que nós já fizemos. O objetivo é que recuperemos a área a partir do
momento do esgotamento, num prazo, mais ou menos, de cinco anos da utilização
daquele Aterro, do ponto de vista do que era antes em relação ao seu padrão de
natureza e local de convivência humana.
É
importante esse registro que o Ver Cláudio Sebenelo fez aqui, porque ele nos
trouxe uma reflexão sobre as condições de vida de um modelo consumista, explorador,
degradador da vida humana, como é o sistema no qual vivemos no nosso País.
Quando nós pensamos um Plano Diretor e quando nos debruçamos sobre a legislação
que vai regulamentar a construção da nossa Cidade no seu futuro, nós fazemos
isso a partir dessa situação que nos é imposta, que é anterior a nós, aqui. Nós
vivemos num País que é capitalista, que tem 500 anos de exploração predatória.
É isso nós ainda vemos acontecer no Brasil. Se Porto Alegre é uma Cidade
cidadã, se Porto Alegre é uma Cidade que é considerada como das melhores
capitais em termos de qualidade de vida, nós somos, de qualquer forma,
atingidos por essa situação, por uma situação, Ver. Pedro Américo Leal, que se
alastra por nosso País com índices de miséria e de ação predatória da natureza,
do meio ambiente e da qualidade de vida que são recordes internacionais. O
Brasil é um país extremamente rico e moderno, e é um país extremamente pobre,
um país campeão de desigualdades, as quais não podemos mais aceitar.
Evidentemente, quando trabalhamos um Plano Diretor, uma legislação que vai
construir a nossa Cidade, ela tem que ser trabalhada considerando esse marco,
considerando essa dura realidade na qual a nossa Cidade está inserida e dela
não consegue fugir. Porto Alegre não é uma ilha de felicidade, por mais que
aqui, há muito tempo, se procure ter uma relação com a comunidade, uma relação
de investimentos que compense essa degradação a que, ao longo do tempo, as
nossas cidades, principalmente as cidades grandes, têm sido impostas.
Quero
fazer um segundo registro: o nosso Plano Diretor - esse no qual os Vereadores
se debruçam - é herança de um longo processo que começa em 1993, com o 1º
Congresso da Cidade, a Cidade Constituinte, onde durante todo o ano, de março a
dezembro, a comunidade de Porto Alegre, incluindo todos os setores -
empresarial, técnico, científico, comunidade organizada, órgãos públicos,
organizações não governamentais, movimento popular - se debruçaram de diversas
formas, em diversos eventos, em grupos de trabalho, com grandes debates,
referenciando experiências internacionais, como, por exemplo, a de Barcelona e
outras cidades, e começaram a produzir o que seriam as primeiras diretrizes de
reformulação da Cidade, construindo Porto Alegre para o futuro.
Posteriormente,
em 1995, tivemos o 2º Congresso da Cidade, e esse processo obteve algumas
diretrizes, alguns eixos que orientaram a construção do nosso Plano Diretor.
Quero dizer, com este meu pronunciamento, que o que temos na mão não é fruto
apenas de um esforço técnico ou de um esforço do Governo Municipal, que a
Câmara aperfeiçoou, complementou e debateu através de suas emendas, mas é fruto
de um esforço organizado, participativo, de um debate com a comunidade de Porto
Alegre, envolvendo todos os seus setores. Portanto, temos um processo coletivo
de debate na nossa Cidade sobre esse Plano, e o que chega a nós, nesta matéria
que estamos trabalhando e emendando, é de extrema responsabilidade, porque ele
já traz esse acúmulo, os eixos principais desse Plano, as sugestões, as
propostas. A idéia de Porto Alegre, para o futuro, foi construída na Cidade,
por esse processo gestado a partir da ação da Administração Popular.
Não
é à toa que temos possibilidade de construir uma Cidade com outras
características, porque aqui temos um povo cidadão que participa, fiscaliza,
gerencia e decide seu destino.
Portanto,
a preocupação que temos que ter com o meio ambiente se reflete na preservação
da qualidade de vida, para que não percamos, como diz o Ver. Elói Guimarães, o
nosso pôr-do-sol em nosso rio.
Também
temos que nos preocupar com os critérios de construção da Cidade,
principalmente tendo em vista os recursos e a área construída, visando
preservar essa qualidade de vida. Continuemos, junto com a democratização,
avançando, no sentido de proporcionar uma vida melhor ao povo de Porto Alegre.
Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para discutir o PLCE nº 10/97.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na
realidade, estamos tratando de um Projeto de Lei que poderia ser o primeiro ou
o segundo mais importante da década, tratando-se de assuntos referentes à
Cidade.
Refiro-me
a esse posicionamento, em função, Sr. Presidente, de que, no início desta década,
esta Casa foi responsável pela elaboração da chamada Constituição Municipal, da
Lei Orgânica da Cidade de Porto Alegre.
Hoje
nós estamos iniciando, em Plenário, nova etapa do Projeto que envolve a visão
urbana, o novo perfil do traçado urbano desta Cidade.
Poderia
até me atrever a dizer, ilustre Ver. Elói Guimarães, que é o assunto mais
importante.
A
Lei Orgânica traça as regras mais gerais, mais amplas, enquanto que o Projeto
do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano trabalha em cima da especificidade,
do concreto, seja em relação ao planejamento urbano, no que envolve o traçado
viário, seja em relação à própria condição do sistema e da estrutura do perfil
de construção na Cidade, seja nos aspectos do que pode ser construído na
estrutura de um terreno, ou seja nos aspectos que envolvem a volumetria de uma
construção residencial, comercial, mista dentro da Cidade.
Porto
Alegre é uma Cidade extremamente complexa do ponto de vista urbanístico, na
medida em que é uma Cidade que tem uma estrutura geográfica extremamente
acidentada e um perfil que nasceu no Centro da Cidade, que é cercada por aquilo
que se denominou ser, mais do que um rio, um lago. E o desenvolvimento é uma
realidade, em nossa Cidade, que, às vezes, é perversa no processo de construção
urbanística. Digo que é perversa, exemplificando o perfil de um bairro como o
Mont’Serrat, que foi, há quarenta anos, um bairro de gente simples, de ruas
não-calçadas, de bueiros a céu aberto, onde morava gente simples que, por força
do desenvolvimento urbano, foi forçada a sair daquela região, indo para os
bairros da periferia da Cidade, quando não para as cidades-dormitório, próximas
de Porto Alegre.
E
hoje quem tem a responsabilidade deste processo é a própria perversidade dos
tributos municipais.
Vejam,
V. Exas, que o desenvolvimento urbano gerou a valorização dos terrenos, mas os
terrenos não são valorizados nem considerados pelo valor de uso do terreno,
mas, sim, pelo valor de mercado e pelo potencial construtivo.
Hoje
ainda existem, meio que desparceirados, no Bairro Mont’Serrat, cerca de
setecentas ou oitocentas habitações que são chalés, casas de madeira, cujos
proprietários, frente à violência do IPTU da Cidade de Porto Alegre, estão
sendo jogados para fora da Cidade, porque são obrigados a vender suas
propriedades e a comprar outra na periferia da Cidade, quando não em Guaíba,
Viamão, Taquara ou na RS 20. Esse é o destino, esse é o perfil de uma crueldade
dura que assola essas comunidades, e nós temos a responsabilidade de
administrar, neste momento, esse processo que acontece na Cidade.
Refiro
também outro ponto, que é o da gestão do planejamento urbano da Cidade. Nós
queremos, sim, a participação da comunidade, mas não vamos fazer a participação
da comunidade, Ver. Elói Guimarães, sem lei, a exemplo do que ocorreu com o
Orçamento Participativo. Nós vamos fazer uma lei específica que iremos
discutir. Foi esse o entendimento da Comissão Especial: a participação da
comunidade será definida em lei especial, e me orgulho de ser o autor da
Emenda, para não acontecer como na estrutura do Orçamento Participativo, que é
sem lei, e daí corre o risco de ser sem lei e sem alma. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra
para discutir o PLCE nº 10/97.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todos
nós queremos uma Cidade que tenha o bucolismo do campo e a tecnologia de última
geração. É aí que reside o centro dos nossos problemas e é o grande desafio da
humanidade neste final de século.
Essa
questão pode ser traduzida de muitas formas: como o sonho da famosa
“chacrinha”, que todos têm, mas, segundo alguns, ela oferece duas felicidades:
quando se compra a “chacrinha” e quando se consegue vendê-la. Isso expressa bem
essa ambigüidade nossa, a cidade, ela é uma necessidade do ser humano. Vê-se a
complexidade do assunto.
Por
isso, discordo do Ver. Isaac Ainhorn: esse tema junto com a Lei Orgânica, que
fizemos na década passada, é o tema mais importante que a Câmara debateu, é o
tema, também, mais complexo, inclusive mais complexo que a Lei Orgânica. Por
quê? Porque ele envolve duas questões básicas, primeira: mexe com os interesses
legítimos de todos os segmentos sociais da Cidade; segundo: mexe com a
discussão de conceitos, quer dizer, todos aqui fazemos uma profissão de fé em
determinados conceitos, só que quando vamos traduzir esses conceitos,
explicitar esses conceitos é que começam, justamente, as nossas divergências
reais. Por exemplo, só para lembrar alguns conceitos, rural, urbano; o conceito
de modernidade que também subjaz dessa discussão, o conceito de qualidade de
vida, todos viemos a esta tribuna defender a melhor qualidade de vida para a
nossa Cidade, todos fazemos isto, todos concordamos com aquela visão poética da
Cidade descrita aqui pelo Ver. Elói Guimarães, no entanto, temos que responder
uma pergunta bem concreta, ou algumas perguntas muito concretas: é possível
desenvolver uma cidade sem alterá-la? Esta pergunta é óbvia. Então, qual o
tamanho, qual o limite para essa alteração, sem comprometer a qualidade de vida
que todos queremos na Cidade?
Outra
questão, preservar sem ocupar. É possível ocupar preservando? Toda a discussão
desse planejamento e da proposta que veio do Executivo, responde a
afirmativamente essa questão. Aqui têm alguma divergência. É perfeitamente
possível ocupar preservando. Aliás, a melhor forma de preservar, muitas vezes,
é ocupar. Ocupar de forma racional, ocupar os espaços da cidade de forma que o
determinante não seja simplesmente a atividade econômica, o lucro, e sim que
seja a qualidade de vida e o bem-estar da maioria da população. Nesse sentido,
nosso plano evolui em coisas muito importantes.
A
questão ambiental não é apenas como uma palavra incorporada ao Plano, que agora
passa a se chamar também de Ambiental. Não. Ela tem uma concepção que evolui em
relação ao Plano anterior, na questão ambiental, que é exatamente esta, que é
possível ocupar a Cidade e preservá-la. Aí uma das divergências é a de que
vamos ter que encontrar um caminho de negociação na questão de que não dá para
confundir área de preservação ambiental com área rural.
Uma
outra questão importante que esse plano traz é a questão da democratização do
Conselho. Não só pelo aumento do número de representantes comunitários, mas
porque esses representantes vão passar a representar, efetivamente, as regiões.
E vamos poder, a partir de agora, discutir, acompanhar o desenvolvimento urbano
da Cidade a partir das regiões dos fóruns regionais.
Essa
questão da democratização do Plano Diretor é a participação e garantir que
todos os segmentos estejam representados. É fundamental para garantir que esse
plano Diretor não seja um plano que vá engessar a Cidade e impossibilitar as
mudanças, que, certamente, serão necessárias ao longo do desenvolvimento da Cidade.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maristela Maffei está com a
palavra para discutir o PLCE nº 10/97.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, Senhoras e Senhores, este é um momento muito importante e especial
para a nossa Cidade. Aprendi, no movimento popular e comunitário onde tenho
origem, e foi dentro do Orçamento Participativo a primeira participação real de
começar pensar melhor, estipular, conhecer, aprender os limites que os vários
segmentos têm para desenhar e construir a nossa Cidade. Portanto, fazer parte
de um momento tão especial como o que estamos vivenciando, que é redefinir como
queremos a nossa Cidade daqui para a frente, beirando o ano 2000, realmente, é
um momento singular. Nesta Casa, que vai cumprir esse papel, mais do que nunca,
legitimamente, estão todos os segmentos envolvidos nos segmentos aos quais cada
Vereador e Vereadora estão comprometidos legitimamente. Portanto, é importante
que a população de Porto Alegre tenha conhecimento a quem cada Vereador ou
Vereadora estão encontrando e demonstrando a quem estes representam. Caem-se as
máscaras, porque muitos Vereadores desta Casa se utilizam, principalmente em
épocas de eleições, em dizer que estão muito preocupados com o conjunto da
nossa Cidade. Aqui não tem como esconder a quem realmente eles representam.
Porto Alegre está com 227 anos, e a população quer morar nesta Cidade, Ver.
Isaac Ainhorn, porque ela tem um dos melhores padrões de qualidade de vida. Tenho
muitos amigos na classe média-alta desta Cidade e eles dizem que pagam o IPTU
com gosto porque sabem que aqui é investido. Eles demonstram isso mostrando o
valor do IPTU de suas casas nas Praias de Santa Teresinha, Xangrilá ou em
outros lugares em relação ao IPTU daqui da Cidade, com uma diferença
fundamental de que aqui é investido, que aqui a população participa da
discussão dos investimentos. Infelizmente, em outros lugares, na grande maioria
das cidades isso não acontece, as pessoas pagam altos valores e quase nada é
investido.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Saúdo V. Exa. por sua preocupação em ouvir a sociedade sobre os
investimentos, as prioridades e a seriedade com que a Administração de V. Exa.
se preocupa com isso. Só que há o detalhe de que a história de Porto Alegre,
como bem disse V. Exa., não começou recentemente, a história de Porto Alegre
tem 227 anos e foi construída por homens ilustres. Respeito e admiro a
Administração da qual V. Exa. faz parte, admiro os trabalhos que são
realizados, inclusive agora estou elogiando, enormemente, a luta pela abertura
do Mercado Público aos domingos, em um sistema de rodízio, e essa é uma
inteligente idéia da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, mas a história
não começou quando o Governo de V. Exa. assumiu o comando da Cidade de Porto
Alegre, aliás, reconheço que foi pelo voto, o que é bom. Muito obrigado.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Realmente, Vereador, a história não
iniciou com a Administração Popular. É uma questão dialética, eu tenho um
profundo conhecimento da história e justamente por ter uma origem, na minha
concepção, na classe trabalhadora, e sabendo quem dominou durante toda a vida,
a história desta Cidade, mais que nunca me sinto integrada na construção de
Porto Alegre, na luta e na resistência.
Na
verdade, o problema que a classe média e todos os segmentos da sociedade
enfrentam, não é porque haverá aumento do IPTU neste momento, mas porque
fazemos parte, infelizmente, de um projeto que está dizimando a classe média e
a maioria dos excluídos desta Cidade que são os que recebem um mísero salário
mínimo decretado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada está com a palavra
para discutir o PLCE nº 10/97.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no
momento que antecede os derradeiros momentos para que possamos votar
definitivamente o Plano Diretor da nossa Cidade, sentimo-nos contemplados e
felizes em participarmos desse processo. Já há muitos meses e anos, desde o
primeiro momento da apresentação do Plano Diretor para a nossa comunidade, para
a nossa Cidade, participamos dos debates com a comunidade, debates que
possibilitaram que parte da nossa Cidade participasse do processo de discussão
e de apresentação do atual Projeto de Plano Diretor.
A
importância de um Plano Diretor para uma cidade é de grande significação do
ponto de vista de organização da cidade no que diz respeito à distribuição do
comércio, da indústria, das atividades de serviços, da questão habitacional que
é de uma importância muito grande para a nossa Cidade. Como Presidente da
Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação da Câmara de Vereadores,
vivenciamos diariamente a gravidade do problema habitacional em nossa cidade,
principalmente para a população carente, aquela de baixa renda. O Plano Diretor
é de uma importância muito grande que prevê, estabelece e projeta a colocação
das habitações de natureza social em nossa Cidade e, ao mesmo tempo, já projeta
as formas de abastecimento do transporte de alta capacitação para atender essas
populações. Sem dúvida, o planejamento e a distribuição de projetos como esse
da habitação e do transporte coletivo em nossa Cidade é de um significado muito
grande à organização. Nós tivemos a oportunidade de conhecer outras cidades do
centro do País: no Espírito Santo, a cidade de Cariacica, que é a maior cidade
daquele Estado, com aproximadamente trezentos e cinqüenta mil habitantes,
prolifera a dengue, a falta de saneamento básico, a desorganização do
transporte coletivo em nosso País, a utilização anárquica, a utilização de
kombis, lotações, ônibus, sem o mínimo de organização. Então, a nossa Cidade
tem avançado bastante nesse sentido. É evidente, Ver. Luiz Braz, que as
questões estruturais são inerentes a um sistema maior, elas são inerentes a uma
relação que tem a origem que se coloca acima das relações da Prefeitura com a
sua comunidade, as relações capitalistas que determinam o desemprego, que
determinam os problemas sérios de saúde e de habitação. Esses problemas só
serão efetivamente superados, quando forem superadas estas relações de origem,
as relações capitalistas. Mas, nós temos que olhar esta realidade, hoje, nas
relações existentes. Então, o esforço dos Vereadores também é no sentido da
participação da comunidade, em ter o entendimento de um plano tão difícil do
ponto de vista técnico, tanto na sua linguagem como na sua apresentação, pois é
muito difícil para as comunidades da nossa periferia terem esse entendimento.
Mas a Administração Popular, através dos contatos e da própria organização
comunitária da cidade, dividida em dezesseis regiões, facilita uma discussão
organizada por cada região dos temas tão importantes do Plano Diretor.
Sem
dúvida, nós temos algumas questões que são polêmicas no Plano Diretor, como a
questão da altura dos prédios, os recuos de jardins, a distância de um prédio
para outro, a questão da área rural, da área urbana.
Eu
tenho um artigo, aqui, da Gazeta Mercantil, que eu gostaria de sugerir a todos
os Vereadores que lessem esse artigo com relação à zona rural e à zona urbana.
O conteúdo deste artigo esclarece que aquelas propriedades que desenvolvem
produção agropecuária têm isenção de impostos de até 80% em relação ao IPTU.
Portanto, quem realmente tem produção primária ou produção pecuária está
praticamente isento de pagamento de imposto. Então, no nosso ponto de vista, a
questão rururbana já está contemplada na legislação existente, não é preciso
facilitar, contemplar zonas rurais, contemplando vazios urbanos com o
não-pagamento de impostos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra
para discutir o PLCE nº 10/97.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,
estamos discutindo matéria de relevância capital para os porto-alegrenses, para
as suas angústias, para as suas expectativas, para os seus destinos. Todos os
campos são abordados, de uma maneira ou de outra, dentro do Projeto do Plano
Diretor. Dentre eles, chama-me sobremodo a atenção, os capítulos pertinentes ao
trânsito, à circulação viária. Essa circulação recebe atenção especial na parte
que diz respeito à estratégia da mobilidade urbana. Mas, se como um todo, o
Plano Diretor aponta para medidas cirúrgicas através das quais a Cidade abra
mais espaço, permitindo mais fluidez no tráfego, de outra parte me parece que,
especificamente no que diz respeito à essa estratégia da mobilidade urbana, não
me pareceu a proposta no mesmo curso das emendas que sofreu, tão à altura do
contexto global do Plano Diretor. Parece-me que ela se encaminha por rolos
trilhados, que não apresenta novidade, não apresenta espírito criativo no seu
nascedouro. Nós teríamos que ter aí um cuidado especial.
Quando
se trata da execução, o Plano Diretor, nesse sentido do trânsito, da circulação
viária, não define com absoluto rigor aquilo que deverá ser feito. Ele traça os
rumos, isto é, ele traz no seu contexto as diretrizes, as luzes primeiras que
informarão as providências administrativas, executivas a serem adotadas dentro
desse ou daquele campo.
Há
motivos, entretanto, ali também, para termos alguma preocupação, com relação ao
centro de transbordo. Os centros de transbordos me preocupam. Nós lutamos em
1987 e 1988, e até antes contra os terminais, vemos com desconfiança quando
está ali registrado o centro de transbordo. Não seria a reedição do Terminal
Antônio de Carvalho, da Tenente Alpoim, contra o qual os partenoenses se
bateram com todo emprenho, com toda a garra e tiveram um prazer enorme quando
os viram desativados em fins de 88. Então, esses centros de transbordos me
deixam um pouco preocupado, porque sei que lá no Partenon, o grande Partenon
nem pensa em reativar. Mas sei que o Plano Diretor não é incisivo, não é
contundente, é uma diretriz, é um encaminhamento. Claro que nem todas as linhas
podem vir lá da distante Vila União, da zona Norte. Não podem vir todas até o
centro, porque criaria uma área de congestionamento enorme. Mas que preocupa,
preocupa. E nós, do Partenon, estaremos com as nossas lanças preparadas de
novo, porque não admitiremos terminal, seja com outro nome ou com o mesmo nome
naquela área. Muito obrigado, Sr. Presidente, por ter-me permitido registrar
esta preocupação.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Ver. Cyro Martini. Nós não
temos mais nenhuma inscrição para este primeiro dia de discussão. Informamos
aos Srs. e Sras. Vereadoras que amanhã nós teremos o segundo dia de discussão e
na segunda-feira no período normal de funcionamento da nossa Câmara de
Vereadores teremos o terceiro dia de discussão. Desejamos uma boa-tarde aos
Srs. e Sras. Vereadoras.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 11h53min.)
* * * * *